Mouro - Revista Marxista - Núcleo de Estudos d'O Capital - Ano 11 - No. 14 - Janeiro 2020 - ISSN 2175-4837

 

DOSSIÊ: A INTERNACIONAL

Cem anos da Terceira Internacional (1919–1943)
Wilson do Nascimento Barbosa

Nas linhas da história: feministas socialistas e experiências de resistência
Karina Oliveira Morais dos Santos

Frações de classe e reservas estratégicas: um paradigma da aliança anti-fascista
Apoena Canuto Consenza & Igor Grabois

José Carlos Mariátegui e o Fascismo
John Kennedy Ferreira

BIBLIOTECA SOCIALISTA

Rumo à Internacional Americana
Julio Antonio Mella

Cultura e senso comum em Antonio Gramsci
Renan Meira Zapata Moreno


O conceito socialista e a reforma universitária
Julio Antonio Mella

ENTREVISTAS

Guilherme Boulos
Daniel Golovaty e Walcir Bruno

A América Latina no cenário de contestações globais – Uma entrevista com Carlos Antonio Aguirre Rojas
Eduardo Cunha e Lincoln Secco

Fernando Gasparian
Renato Bastos

MARXISMO

Mais que um “segundo violino”: os 200 anos do nascimento de Friedrich Engels
Agnaldo dos Santos

Sem Direitos! Sem Lei! Sem Justiça! Sem Liberdade!
Longo Inferno a Todos os Tiranos!

Sevgi Dogan

MEMÓRIA E HISTÓRIA

Homenagem
Karina Oliveira Morais dos Santos

NOTAS DE LEITURA

Paulo Freire e a Guerra Fria
Joana Salém Vasconcelos

Contribuições frankfurtianas no quadro político brasileiro: recepção, atualidade, (im)pertinências
Luciana Dadico

Viagem à Coreia Popular
José Reinaldo Carvalho / Tiago Nogara / Diego Pautasso

DEMOCRACIA EM DEBATE

Saúde é Democracia e Justiça Social
Gustavo Tenório Cunha

CONFERÊNCIA

Religião, politica e movimentos sociais no Brasil
Giovanni Semeraro

EXPERIÊNCIAS DE ORGANIZAÇÃO DA ESQUERDA

Da Precedência da Experiência Vivida e da Rebeldia na Crítica Clássica da Economia Política
Leo Vinicius Maia Liberato

Conflitos docentes e administrações democrático - populares: estudo da história imediata da organização sindical dos trabalhadores em educação de Belo Horizonte ( 1993-2001)
Sebastião Carlos Pereira Filho  e Carlos Bauer

RESENHA

Karl Marx à Pekin de Myléne Gaulard (Paris, Demopolis, 2014, 270 páginas)
Lincoln Secco

Jessé Souza expõe as raízes da naturalização das desigualdades sociais no Brasil
Jutaí Alves dos Santos

A Marca do Z: a Vida e os Tempos do editor Jorge Zahar
Lincoln Secco

Mandar obedecendo 
Iuri Santos Faria de Barros

ARTE E REVOLUÇÃO

O anti-inquilino do sexto andar: “Um Dia Muito Especial”, Ettore Scola e a vida privada no fascismo
Gilda Walther de Almeida Prado

POEMA

Vista
William G. Gardel

A Gota
William G. Gardel

desGALERIA

Coletivo Atravessadas

Fabiano Carriero

Diana Lanças

Fer Flores

Flavia Aguilera

Giselle Freitas

Luciana Bertarelli

Luiz Lira

Marcio Elias

Vinícius Cruz

 

 

Mouro chega ao seu número 14 com a primeira mudança de sua Comissão Editorial. A revista atravessou uma época rara na história brasileira. Nunca antes esse país passou tão célere de um momento de prestígio internacional, ascensão econômica e melhoria da renda para outro inclassificável: de perda de direitos, recessão, desemprego e, fundamentalmente, desesperança. Mas tampouco, e por outro lado, já existira no Brasil uma organização política com as dimensões e o enraizamento do Partido dos Trabalhadores. Esse fato não deve ser ignorado.
Para a Mouro, é bom que se diga, o golpe não foi um raio em céu azul. Chamamos a atenção muito antes para o lawfare, para os erros de política econômica, a ausência de política militar, os perigos do fascismo e até mesmo para os desvarios repressivos dos governos petistas.
No entanto, para muitos era inimaginável que um governante neofascista chegasse à presidência da República. Era inconcebível que o esgoto das redes sociais, a linguagem chula da classe média e as práticas milicianas fossem instaladas no Palácio do Planalto.
A “filosofia” dominante, produzida por um falso astrólogo, tornou-se a expressão acabada do poder do narcopentecostalismo. E tudo isso foi normalizado, ainda que com certo pejo, pela imprensa burguesa. Quem poderia aceitar a ideia de que a elite se curvasse à ralé e sacrificasse seu domínio político em nome de sua salvação econômica? Como foi possível?
Nem tudo sabíamos, mas algum conhecimento histórico nos permitiu imprimir em nossas páginas a denúncia de Marighella de que a nossa democracia é racionada e só existe como interregno entre ditaduras. Em 2016, uma vez mais a burguesia antinacional sacrificou a democracia no altar dos seus lucros.
A vitória de um candidato de extrema direita em 2018 e o isolamento social devido à quarentena em 2020 impuseram novos desafios à Revista. Nossa reflexão deverá se voltar ao desvelamento das novas formas de dominação fascista e aos possíveis desdobramentos da crise econômica e da pandemia. Teremos um mundo mais solidário, reorganizado em torno do comum, dos serviços públicos universais, de uma renda básica de cidadania, de mais impostos sobre os ricos; ou haverá maior regressão neoliberal jogando sobre os pobres a conta da crise? Isso dependerá das escolhas políticas que fizermos desde já.
Eppur si muove! A revista, apesar de tudo, venceu a tempestade e ousa agora trazer um dossiê sobre o centenário da Internacional Comunista (1919-2019), bem como resenhas e ar
tigos de estudiosos e estudiosas, acadêmicas ou não, de notável valor intelectual, que discutem temas de grande importância para as lutas de ontem e de hoje. Assim também o fazem as entrevistas dispostas neste número 14. E como jamais poderia deixar de ser, veremos nas páginas a seguir um grande volume de trabalhos artísticos, marca registrada da Mouro, os quais, nas suas diversas expressões, debatem e se batem, refletem e meditam, espantam e encorajam enquanto “transfiguração imaginativa do real”, como dizia Edgard Carone. A leitora e o leitor aqui encontrarão, portanto, discussões sobre os problemas teóricos e os dilemas históricos que ajudarão a refletir sobre nossa luta de sempre pelo socialismo.
Parte da pequena equipe que produzia a revista Mouro aqui se despede e passa o bastão a quem chega com mais energia, novos temas, novas abordagens e muitas esperanças. O trabalho, não o afeto, se encerra. Perto ou longe, estamos sempre juntos.