Mouro - Revista Marxista - Núcleo de Estudos d'O Capital - Ano 11 - No. 14 - Janeiro 2020 - ISSN 2175-4837
Editorial Colaboradores Edições Anteriores Contato

 

Esta edição será disponilibilizada em breve!
Caso queira adquirir a edição impressa entre em contato com:

contato@mouro.com.br

 

 

DOSSIÊ: A Forma Partido, Alternativas e Cenários da Luta de Esquerda

O Neozapatismo Mexicano e seu impacto dentro das Ciências Sociais atuais: Seis teses para desenvolver
Carlos Antonio Aguirre Rojas

Debate: marxismo e anarquismo
Michael Löwy, Olivier Besancenot, René Berthier

Entendendo o Podemos
Pablo Iglesias

Que o futuro não nos seja indiferente: o debate estratégico e os desafios da reorganização da esquerda brasileira
Jessy Dayane

Anotações sobre o leninismo
Lucas Evangelista Santos de São Julião

Entre o público e o privado: a mulher enquanto fronteira de duas esferas
Karina Oliveira Morais dos Santos

A esquerda e a governabilidade: reflexões sobre a armadilha pemedebista
Joana Salém Vasconcelos

A “Escola Sem Partido”: grupos políticos e empresarias e o ativismo político liberal-conservador no Brasil atual
Jefferson Rodrigues Barbosa

Da crítica ao autonomismo à gestação do novo: o que aprendemos nas ocupações secundaristas?
Caue Borges

A esquerda tem muito a aprender
Mulheres membros do G-Marx

Elementos a Considerar sobre a Luta de Classes no Brasil
Movimento dos Atingidos por Barragens

Pequenas Rebeliões do público-alvo? Luta nas Fábricas de Cultura
Caio Martins Ferreira, Danielle Maciel, Leonardo Cordeiro, Taiguara de Oliveira

BIBLIOTECA SOCIALISTA

Aletheia e retórica
Priscila Loyde Gomes Figueiredo

ENTREVISTA

A Teoria Crítica de Paulo Arantes: Golpe-de-novo-tipo e a ditadura sem cerimônias
Yuri Martins Fontes

MARXISMO

Dinheiro e Totalidade: Uma Interpretação Macro-Monetária da Lógica de Marx em O Capital e o Fim do ‘Problema da Transformação
Bruno Höfig

Encontro entre o socialismo utópico e o marxismo na América Latina
John Kennedy Ferreira

Formação e estrutura do Partido Comunista do Brasil (anos 1920)
Felipe Castilho de Lacerda

O Partido Social-Democrata Alemão e os Dilemas do Sufrágio Universal
Rosa Rosa Gomes

MEMÓRIA E HISTÓRIA

Adelço de Almeida
Simone de Almeida

Plinio Martins Filho, o Editor Perfeito
Marisa Midori Deaecto

NOTAS DE LEITURA

Jessé Souza desafia monstros sagrados da sociologia nacional
Sérgio Domingues

O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico na Época de Filipe II
Lincoln Secco, Marisa Midori Deaecto

Revisitando a Epopeia, sob o Olhar do Massacre: A Comuna de 1871
Agnaldo dos Santos

Amílcar Cabral e o colonialismo português na África
Luciana Dias

Literatura e realismo em György Lukács
Jutaí Alves dos Santos

VALOR E VIOLÊNCIA

A Volta do Golpismo do FMI
Luiz Eduardo Simões de Souza

Tocqueville em Junho de 1848
Lincoln Secco

Temer o Clausewitziano
Wilson do Nascimento Barbosa

POEMA

Chuva
Priscila Loyde Gomes Figueiredo

Temer
Anna Figlino

ARTE E REVOLUÇÃO

Manifestações culturais e práticas de liberdade: o exercício da ação-reflexão
Eduardo Conegundes de Souza

A Revolução do Gozo
Fernando Frias

Pequenas Insurreições: A produção em artes plásticas nos presídios políticos de São Paulo entre os anos de 1969 e 1979
Rogério Mourtada

 

 

 

Na América Latina, periodicamente a democracia real é violada para que possa existir sempre de novo em sua pureza conceitual. O golpe de estado, parlamentar ou do próprio executivo ou dos órgãos policiais e militares não é, portanto, uma anomalia, mas uma parte integrante da reprodução da ordem… democrática.
O golpe parlamentar de 2016 no Brasil ilustra muito bem esta tese. O atentado à democracia ainda não se consumou plenamente. O usurpador é só um "deputado". Não tem ideias ou legitimidade. Usa a violência, mas não é consenso mesmo no partido da grande mídia.
O antigo governo acreditava que houvesse espaço para um desenvolvimento nacional com uma burguesia local. Ela não teria projeto político, mas aceitaria a liderança do PT, taxas de juros menores e um posicionamento estruturalmente periférico, porém equilibrado por algumas empresas de grande porte de áreas em que o país poderia ser competitivo, como exportação de carnes e construção civil. Errou ao não acreditar naquela definição de capitalista elaborada não por um marxista, mas por Fernand Braudel: ele é sempre um multi-investidor. Seus capitais estão na indústria, se possível, e no Brasil, na especulação financeira sempre.
Os artigos desta Mouro tematizam a experiência militante da ocupação e a perspectiva jovem dos movimentos de esquerda nos limites do partido como veículo da ação política, inserida no novo cenário que se apresenta. Elas afinal alteram profundamente a estratégia de resistência do movimento popular diante da opressão das versões oficiais e dos fantasmas do fascismo − tão perigosos quanto caricatos. São grandes os debates protagonizados pelos que ousaram pela via da organização horizontal ou mesmo pelo seu contrário (que deteve no passado o inimigo). A discussão de gênero e racismo estratégico para o Capital entra novamente na pauta das avaliações da derrota e do aprendizado dos que resistiram ao golpe de Estado. Surgem das armas da memória a identidade e as certezas que se propagam na militância cultural, na música, no teatro e na poesia. A resistência e a luta são promessas que reverberam na consciência e já alcançam o gesto.
Entre tantos que se agigantam, enquanto outros se encolhem − ou pior, colam-se à agenda autoritária −, homenageamos nesta edição Paulo Arantes, com sua disposição generosa, semanalmente ao lado dos jovens resistentes; Plinio Martins, o editor que domina o “equilíbrio entre a forma e o conteúdo”, concilia “as partes e o todo”, “a ideia e o símbolo” e entrega-os ao leitor sem que este se dê conta de tudo isso; e, finalmente, se as melhores homenagens são feitas em vida, é em vida que a historiadora e neta de Adelço de Almeida, o ”negrinho do Carvão”, homenageia o militante operário comunista que liderou greves na Nitroquímica, em tempos que parecem espelhar os nossos dias.